quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Independência... ou Morte?

Extraído do site literatortura:

Por Ronaldo D’Acardia,

O cinema independente americano é um dos mais prolíferos atualmente. Sua criação, além de necessária, foi uma jogada de mestre da máquina capitalista de Hollywood. Hipocrisia ou simplesmente “é a vida”? 
A indústria moderna de filmes independentes dos EUA surgiu da coragem e disposição de alguns diretores que financiaram seus próprios projetos – que outrora haviam sido esquecidos e renegados pelos grandes estúdios. A tentativa arriscada resultou em uma visível aceitação da audiência, realidade nada mais que óbvia diante do profissionalismo e qualidade das fitas. De mentalidade quixotesca, a vertente iniciava então sua caminhada contra a corrente dos altos custos hollywoodianos.
E em meio ao capitalismo selvagem instaurado nas produções em geral, foi possível perceber que a necessidade de obras diferenciadas se fez ouvir. Este é talvez um dos maiores trunfos do mercado cinematográfico americano, que mesmo com seu cenário competitivo, conseguiu se bifurcar e gerar outra indústria, voltada para temas mais pensantes e sem expectativas milionárias. Desde então o cinema independente cresceu muito, e festivais foram criados para premiar os melhores trabalhos. Ser agraciado com uma estatueta no Festival de Sundance, em Park City, Utah, é sinônimo de qualidade e principalmente integridade artística. Patrocinado pelo Instituto Sundance, fundado em 1981, o festival tem como seu criador o premiado ator e diretor Robert Redford.  Não podemos esquecer também do relevante Independent Spirit Awards, o mais independente dos prêmios independentes (isso pode ser tornar um ciclo sem fim).
Apesar de aparentemente separadas, as duas linhas de produção possuem diversos pontos em comum. Muitas figuras do alto escalão constantemente participam de independentes, como George Clooney com seu “Boa Noite e Boa Sorte” (2005), filme em que atua, dirige, e que foi muito bem recebido pela crítica mundial, se tornando um exemplo de sucesso dentro do cenário de pouca verba (ele custou míseros US$ 7 milhões e concorreu ao Oscar em diversas categorias).
Muitas vezes também, seguindo o caminho contrário, atores e diretores que se revelaram em festivais “menores” acabaram se envolvendo em grandes produções. Montou-se então uma funcional reciclagem do cinema americano e de seus personagens fundamentais. Uma reciclagem que ocorre de maneira natural em meio a todo o processo obrigatoriamente necessário da indústria – acima de tudo – capitalista. Mas criteriosamente, os fatores que separam as duas realidades ainda são: o orçamento e os temas propostos.
Nos anos 40 e 50, seria impossível nos EUA alguém ter a chance de conferir, ao mesmo tempo, dois longas tão distintos (um blockbuster e um independente). A única forma de se apreciar um trabalho diferenciado e de baixo orçamento, seria assistindo fitas estrangeiras, que são, em sua maioria, baseadas em dramas mais relevantes, optando sempre pelo realismo explícito – podemos dizer que são independentes por natureza, por isso nem devem ser contabilizadas nesta equação. Vale lembrar que nessa época o cinema europeu era sinônimo de sucesso absoluto, sendo que a Era de Ouro da América apenas se “engatilhava” – um trocadilho mórbido, se pensarmos que o setor cultural da Europa foi severamente afetado pela devastação da Segunda Guerra Mundial, que deixou os EUA dominante em todos os setores.

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