sexta-feira, 26 de junho de 2015

Suprema Corte dos EUA aprova o casamento gay em todo o país



Numa decisão histórica, a Suprema Corte dos Estados Unidos legalizou nesta sexta-feira (26) o casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo o país. Os 13 estados que ainda proibiam não podem mais barrar os casamentos entre homossexuais, que passam a ser legalizados em todos os 50 estados americanos. A decisão veio por cinco votos contra quatro.

O casamento tem sido uma instituição central na sociedade desde os tempos antigos, afirmou o tribunal, "mas ele não está isolado das evoluções no direito e na sociedade". Ao excluir casais do mesmo sexo do casamento, explicou, nega-se a eles "a constelação de benefícios que os estados relacionaram ao casamento".
O tribunal acrescentou: "O casamento encarna um amor que pode perdurar até mesmo após a morte". "Estaria equivocado dizer que estes homens e mulheres desrespeitam a ideia de casamento... Eles pedem direitos iguais aos olhos da lei. A Constituição lhes concede este direito", ressaltou, segundo a agência AFP.
A decisão não entrará em vigor imediatamente porque a Suprema Corte concede ao litigante que perdeu o caso aproximadamente três semanas para solicitar uma reconsideração, como informa a Reuters.
O caso analisado pela decisão desta sexta se referia aos estados de Kentucky, Michigan, Ohio e Tennessee, onde o casamento é definido como a união entre um homem e uma mulher. Esses estados não permitiram que os casais do mesmo sexo se casassem em seu território e também se negaram a reconhecer os casamentos válidos em outros estados do país.
O representante da ação na Justiça foi Jim Obergefell, que viveu 21 anos com John Arthur, em Ohio. Ele queria que o casamento fosse formalmente reconhecido na certidão de óbito de Arthur, quando ele morresse. O companheiro tinha esclerose lateral amiotrófica, doença que não tem cura. Os dois chegaram a se casar em outro estado, mas a união não era reconhecida em Ohio.
A história de Obergefell consolidou os casos de 19 homens e 12 mulheres, de outros quatro estados.
Há dois anos, a Suprema Corte anulou parte da lei federal contra o casamento gay, que negava uma série de benefícios governamentais para os casais do mesmo sexo que tinham se casado legalmente.
Celebração

Nesta sexta, centenas de pessoas se reuniram nos arredores da Suprema Corte, no centro de Washington, para comemorar a decisão dos juízes.

Como informa a agência EFE, o governo do presidente Barack Obama já tinha manifestado abertamente sua postura a favor do casamento homossexual depois que, pela primeira vez, o próprio líder declarou apoio à causa em 2012.
Obama disse no Twitter que a aprovação é um grande passo para a igualdade de direitos. "Casais de gays e lésbicas têm agora o direito de se casar, como todas as outras pessoas. #Oamorvence", disse o presidente. Ele fez um pronunciamento e disse que a decisão é uma "vitória para a América".
A pré-candidata democrata à presidência dos EUA, Hillary Clinton, também comemorou a decisão em seu perfil na rede social.
Fonte

#LoveWins #LoveIsLove

Deixe sua foto de perfil com as cores do arco-íris em apoio ao casamento gay


O Facebook liberou uma ferramenta que permite ao usuário colocar um filtro arco-íris em sua foto de perfil na rede social. A novidade comemora a decisão da Suprema Corte americana, que legalizou nesta sexta-feira, 26, o casamento gay em todos os 50 Estados.
Para alterar a foto de perfil, o usuário precisa apenas acessar a ferramenta, batizada de "Celebrate Pride"(acesse aqui). Uma prévia da foto com o filtro arco-íris é apresentada. Ao clicar no botão "usar como imagem de perfil ", a ferramenta adiciona automaticamente o recurso à sua foto do perfil existente.
Facebook não é a única grande empresa que comemora a decisão da Suprema Corte. Dezenas de outras companhias, autoridades e famosos  acrescentaram as cores da bandeira do arco-íris associado com orgulho LGBT em seus logos e perfis nas redes sociais.
Fonte

#LoveWins #LoveIsLove

Beco feminista pela discussão de gênero no Plano de Educação


Por César Santos

Nesta sexta (26) vai ter beco feminista com batucada, forró e quadrilha.
O bloco carnavalesco “Alô Frida” realizará a sua primeira intervenção no Beco dos Artistas a partir das 18h, destacando a importância de se discutir gênero em todos os espaços.
Em meio a campanha contra a aprovação, pela Câmara Municipal de Mossoró, do projeto que retira as possibilidades de discussão de gênero do Plano Municipal de Educação e, consequentemente, das escolas, o ArriáBeco do Alô Frida contará com a participação de Celia Aldridge, coordenadora da E-CHANGER Brasil, agência suíça de cooperação de pessoas, e militante da Marcha Mundial das Mulheres de São Paulo.
Ela vai falar sobre a importância de discutir gênero e diversidade para construção de novas relações humanas sem machismo, LGBTfobia, sexismo e violência sexista na escola e em todos os lugares.
A programação terá muita música, poesia e quadrilha improvisada “sem essa de só dançar homem com mulher”, diz Everlaine Rocha, integrante do Alô Frida e cantora que se apresentará no palco aberto.
“É importante chegar cedo para participar do debate. Porque pra festa ser ainda mais bonita, a gente precisa fazer parte da mudança de mundo que queremos e o debate nos ajuda nisso. Como diz o refrão do nosso hino: Se tem machismo, racismo, eu falo! Eu não me Kahlo, eu não me Kahlo! Sem fobia a folia será colorida. Alô Frida! Alô Frida!”
O Bloco Alô Frida, é a reunião de várias militantes feministas da cidade que participou do Pingo da Meia Noite, no Carnaval de Mossoró, inovando com cores e lutas.
E o que parecia apenas uma forma diferente de se divertir tem se tornado motivo para reunir e somar mulheres para defender a causa da igualdade entre as pessoas, por isso, Conceição Dantas, da Marcha Mundial das Mulheres acredita que: “outra cultura, uma cultura feminista é possível, enfrentar o machismo de forma irreverente e ousada é nossa marca para que sejamos cada vez mais livres”. E dispara: “as mulheres gostaram de estar juntas no carnaval e por que não continuarmos? Vai ter arraiá feminista, sim!”.
O que? Beco do Alô Frida
Quando? Hoje às 18h
Endereço: Rua Travessa Martins Pena (Ao lado do Teatro Lauro Monte Filho)



quarta-feira, 24 de junho de 2015

ONU Mulheres lança site em português do Movimento ElesPorElas

Expectativa é aumentar as adesões do Brasil por meio do cadastro de milhares de homens e meninos em defesa de direitos e igualdade para mulheres e meninas por meio da página www.heforshe.org/pt

A atriz Emma Watson é embaixadora da ONU Mulheres. Foto: ONU Mulheres
A partir desta sexta-feira (19), o público de língua portuguesa passa a contar com conteúdos no idioma no portal do Movimento ElesPorElas (HeForShe) de Solidariedade da ONU Mulheres pela Igualdade de Gênero:www.heforshe.org/ptA plataforma está disponível em outros cinco idiomas: inglês, espanhol, francês, turco e chinês.
“Este é um movimento solidário pela igualdade de gênero. Ao assegurar conteúdos em português, convidamos os mais de 300 milhões de lusófonos para manifestar o seu apoio individual por meio do cadastro no mapa mundial. Chamamos, especialmente os mais de 100 milhões de homens e meninos brasileiros, para que demonstrem que o Brasil quer e se mobiliza em favor da igualdade entre mulheres e homens, meninas e meninos”, afirma a representante da ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman.
Ela ressalta a articulação com raça como um desafio para o Brasil. “A igualdade entre mulheres e homens no Brasil somente será possível através da articulação com a dimensão racial, com a finalidade de enfrentar o racismo. Este é o diferencial do movimento ElesPorElas no Brasil, para que mulheres negras e brancas, homens negros e brancos possam ter inclusão nas empresas, nas universidades, ter seus direitos garantidos pelas políticas públicas, tais como participação, representação e poder”, completa Gasman.
O Movimento ElesPorElas – Criado pela ONU Mulheres, a Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres, o movimento ElesPorElas (HeForShe) é um esforço global para envolver homens e meninos na remoção das barreiras sociais e culturais que impedem as mulheres de atingir seu potencial e a organizar juntos, homens e mulheres, uma nova sociedade.

[Postagem do Dia] Por que estudar "gênero" é importante?

Os estudos de gênero têm o seu impulso com o movimento feminista, que fez emergir diversas outras questões, como é o caso do machismo, do patriarcado, da divisão sexual do trabalho, dos preconceitos, da violência contra a mulher, da visibilidade LGBT, dentre outros assuntos. Deste modo, estudar gênero não é apenas compreender o ser humano, mas sim compreender este ser humano inserido em diversas relações que já estão ou são construídas. Ultrapassando a falsa ideia de que se limita apenas ao empoderamento feminino.

"Gênero" exerce um poder muito maior do que se possa imaginar, talvez por isso o seu estudo seja tão temido por determinados grupos sociais. Estudar gênero e compreendê-lo, é também compreender o homem, a mulher, e as construções sociais que lhe são impostas e norteiam toda a sua vida.

O estudo de gênero proporciona uma arma extremamente temida: o questionamento. Por que é atribuído às mulheres o instinto maternal? Por que o homem tem que provar constantemente a sua masculinidade? Por que para o homem é “normal” trair? Por que o gay é considerado uma abominação? Por que há uma determinação de vestuário, comportamento e relacionamento? Por que a mulher jogadora de futebol não é tão aplaudida quanto o homem jogador de futebol? Por que as mulheres estão em bem menos quantidade na política? Por que os homens sensíveis são discriminados? Por que somos chamados de homens e de mulheres? Por que há uma polarização de gênero? Por que há uma separação de sujeitos? Por que há hierarquização de pessoas?

Está vendo?

É perigoso questionar, por isso é temido o estudo de gênero. No momento em que o sujeito cresce sabendo do que se trata a sua existência e questiona o que lhe é imposto ele detém uma arma que pode quebrar um sistema vigente e lucrativo. E por esse mesmo motivo que o estudo é tão necessário, para que os indivíduos cresçam sabendo em que mundo vivem e com total capacidade de colocar abaixo o preconceito, a discriminação, o discurso de ódio e, consequentemente, a violência e a morte.


Diga sim para a implementação do estudo de gênero nas escolas. Não é uma doutrinação. Não é uma apologia. É conhecimento. É quebra de preconceito. É necessário.

#VetaPrefeito


#‎VETAPREFEITO‬ ~ Ontem, em manobra capciosa, a Câmara de Vereadores de Mossoró aprovou um projeto pelo fim da discussão de gênero nas escolas. A pergunta que fica no ar é: os vereadores sabem a importância da discussão do gênero e diversidade para a formação de cidadãs e cidadãos? Em meio a tanta misoginia, machismo, estupros e assassinatos de mulheres e LGBT's, o debate sobre Gênero e Diversidade possibilita a formação continuada da comunidade escolar visando a elaboração de estratégias para combater o sexismo, o preconceito, a LGBTfobia, a gravidez na adolescência, a violência sexista. E o Plano Municipal de Educação precisa, Mossoró precisa de gênero e diversidade na escola, sim!

#VETAPREFEITO


CRISTOFOBIA É CHACOTA FUNDAMENTALISTA

Por Erika Kokay

O projeto de criminalização da cristofobia é uma invenção que não corresponde a realidade e tem objetivo de transformar algozes em vítimas. Mas são os fundamentalistas religiosos que destilam ódio, através da intolerância religiosa e do ódio homofóbico, e isso não tem absolutamente nada de cristão. Defender a lógica cristã é defender o respeito ao outro, é defender o acolhimento de todos os seres humanos. Cristofóbicos são aqueles que buscam em nome de cristo perseguir, maltratar e odiar o seu semelhante.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Ideologia de gênero?

Por Fernanda Melchionna
Tramita na Câmara de Vereadores o Plano Municipal de Educação. Dentre outros temas, em sua meta 23, trata de uma educação para a diversidade. Institui uma política voltada ao combate aos preconceitos contra mulheres, LGBTs, negros e negras. Busca a construção de uma escola inclusiva.
Com muito espanto, recebi ofício da Cúria Metropolitana que argumenta sobre uma suposta ideologia de gênero. Analisando seus argumentos, me parece que ideologia de gênero é a que eles propagam!
Não é novidade que os papéis atribuídos aos gêneros sejam historicamente construídos. Isso não significa que não há diferença entre ambos, mas utilizar-se desta diferença para manter a opressão de um gênero sobre os outros é claramente uma ideologia reacionária.
Ideologia é um reflexo distorcido das práticas sociais. .No espelho torto da ideologia de setores da igreja, o fato de existir transgêneros, transsexuais e até mesmo homossexuais, seria uma distorção. Na verdade, este espelho é que esta distorcido porque insiste em fechar os olhos para a realidade.
A realidade é concreta e manter a invisibilidade da diversidade sexual e das identidades de gênero é uma forma de reproduzir preconceitos no país em que a cada dia um LGBT é assassinado, vítima do ódio. Garantir que a escola eduque a todos, inclua ao invés de discriminar, é o que está em jogo nessa discussão. Do ponto de vista do mercado de trabalho por exemplo, 90% das travestis e transexuais trabalha na prostituição. Justamente porque, pelo preconceito, são obrigadas a abandonar a escola e não são aceitas na imensa maioria dos postos de trabalho.
Entre essa ideologia e a intolerância as fronteiras são bastante pequenas. Tudo que pareça diferente não terá lugar na sociedade. Se não se pode aceitar a diversidade, o que fazer com ela? Seria o próximo passo tentar “corrigi-la”?
Felizmente, não são todos os setores da Igreja que pensam assim. Mais do que isso, não são todas as vertentes da fé cristã. Tenho certeza que contaremos com o apoio dos religiosos e das religiosas que não militam pela intolerância neste importante debate para Porto Alegre.

Câmara Municipal de Mossoró: O retrocesso ao nosso lado

Charge: Laerte


Matéria divulgada na página do Vereador Nacizio:

Projeto do vereador Nacizio contra ideologia de gênero é aprovado na câmara municipal de Mossoró


Hoje (23), em sessão extraordinária da Câmara Municipal de Mossoró, o vereador Nacizio Silva (PTN) conseguiu a aprovação do projeto de lei que proíbe a inclusão da ideologia de gênero no plano municipal de educação foi aprovado pela casa legislativa. A corrente de pensamento pressupõe que gênero e sexo sejam conceitos sinônimos. A matéria impede a prática de doutrinação ideológica de gênero em sala de aula, bem como a veiculação, em disciplina obrigatória de grade curricular do município, e de conteúdos que possam estar em conflitos com as convicções morais e religiosas dos estudantes ou de seus pais ou responsáveis.
Em 2014 na câmara dos deputados, uma comissão especial retirou a ideologia de gênero do Plano Nacional de Educação. Várias câmaras dos vereadores seguiram a tendência e excluíram do plano municipal, e Mossoró passa a integrar essa linha. “Estamos felizes pela aprovação do projeto e por ter atendido o pleito das famílias cristãs que se mobilizaram nas redes sociais, nas entidades, igrejas, e grupos, em favor dos valores cristãos e morais”, agradece Nacizio.
De acordo com o parlamentar, o projeto não é uma atitude discriminatória, mas segue o texto nacional aprovado no congresso nacional que prevê o combate a todo tipo de discriminação. A matéria reconhece a vulnerabilidade do estudante na relação do aprendizado, quanto aos direitos compreendidos em sua liberdade de consciência e de crença, e também dos pais, a que seus filhos menores recebam a educação moral que esteja de acordo com suas próprias convicções.
No uso das suas funções, o professor não abusará da inexperiência, da falta de conhecimento ou da imaturidade dos alunos com o objetivo de cooptá-los para a corrente ideológica de gênero. Caso algum evento para tratar do assunto, os responsáveis pelos menores devem ser avisados anteriormente.
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O blog tem pouco a dizer diante desse dia de lamentável retrocesso vivenciado pela Câmara Municipal de Mossoró:
1º O vereador não sabe distinguir: sexo, gênero, identidade de gênero e orientação sexual;
2º A Câmara está representando o que lhe convém, ou que convém ao que entendem por "moral e bons costumes";
3º A medida em nada vai ajudar, apenas deixar de amparar crianças que não se enquadram no padrão heteronormativo;
4º O vereador apenas provou o que já sabemos: o Estado não é laico, atende às exigências cristãs;
5º Não existe doutrinação de gênero, diferente da doutrinação (imposta) de religião.
Por fim, a Câmara Municipal de Mossoró não surpreendeu, apenas seguiu a tendência nacional e de diversas outras localidades: falta de competência, déficit de conhecimento sobre assuntos que tentam tratar e representatividade a desejar.

[Postagem do Dia] A indústria do preconceito

Vocês já se perguntaram quanto o preconceito rende para instituições que se promovem em cima do discurso de ódio? O que seria de figuras como Silas Malafaia, Bolsonaro e Marco Feliciano? De que se alimentariam esses personagens?

Eles são os rostos mais conhecidos quando tentamos juntar “religião” e “política”. Mas será que eles estão mesmo praticando alguma dessas atividades? Ou talvez estão sendo apenas símbolos do desejo seboso incrustado nos peitos preconceituosos dos brasileiros? E, de quebra, enricando com isso.

O preconceito virou uma verdadeira indústria, de fácil manutenção e extremamente lucrativa. Primeiro porque não há muita burocracia para se abrir uma vertente da “igreja evangélica”, recebendo apoio notório do Estado (nada) laico. Segundo porque basta uma sala e uma caixa de som, o resto do trabalho é realizado por um homem, com domínio da oralidade e conhecimento do livro sagrado. Basta apenas isso para que a palavra de Cristo seja distorcida aos quatros ventos, como forma de justificar as posturas preconceituosas.

Vocês já se perguntaram como um pequeno grupo de pessoas que começam apenas dessa forma em pouco tempo conseguem construir um “templo sagrado”?

A resposta é simples: os bons oradores falam exatamente o que seus fieis querem ouvir. Mas a palavra de Cristo nunca foi e nunca será aquilo que você quer ouvir, isso se chama manipulação. Exemplifiquemos:

Para condenar a prática homossexual se utilizam do Livro Levítico que diz “quando também um homem se deitar com outro homem, como uma mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles”, sem maiores interpretações dessa passagem, visto que cabe várias, desde o teor machista, até o desconhecimento da prática em si, passemos para mais dispositivos que hoje são praticados diariamente por todos, mas que não são lembrados:

- Não comer carne de porco (Levítico 11:07)

- Não comer alguns frutos do mar (Levítico 11:12)

- Não comer fruta da árvore com menos de 3 anos (Levítico 19:23)

- Não fazer cruzamento de raças de animais (Levítico 19:19)

- Não semear a terra mais do que sete anos (Levítico 25:04)

- Não usar vestimentas com fios diferentes (Levítico 19:19)

- Não cortar o cabelo (Levítico 19:27)

- Não raspar a barba (Levítico 19:27)

- Não fazer tatuagem (Levítico 19:28).

Imagine se todas essas práticas fossem (hoje, como era quando escritas) tidas como abominação, será que alguém escaparia?

O comprometimento com o texto sagrado é seletivo?

A resposta é simples: as pessoas não leem, não interpretam, não tiram sequer um minuto para pensar, são apenas fantoches da indústria do preconceito, em que se dá por satisfeitas em depositar os 10% do seu salário, na ilusão de que aquilo é a punição para os pecados que cometem diariamente. Ou apenas buscam nessas instituições "religiosas" a justificativa para a sua postura preconceituosa perante os seus iguais. No fim, o objetivo é o mesmo: juntar o útil ao agradável para alcançar a paz de espírito; enquanto, aqueles que sofrem com seu discurso, são mortos. 

Amém? Amém!

Ou, apenas, amem. Sem acento.


segunda-feira, 22 de junho de 2015

Os injustiçados - A censura à música brega na Ditadura Militar

Wando
Censura à música brega na ditadura militar: quando falamos em censura na música brasileira durante a ditadura, os primeiros nomes que nos vêm à cabeça são os de artistas como Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil. No entanto, um outro grupo, igualmente importante para a cultura nacional, também fora extremamente perseguido, e não apenas pelo governo, mas também pela própria sociedade: os cantores de música brega. Por serem considerados como cantores do povão, de valor desprezado por muitos críticos e historiadores musicais, pouco se fala a respeito da censura política e social que esses artistas, verdadeiros cronistas do cotidiano amoroso, sofreram durante o regime.

Um apartheid musical

Paulo César de Araújo, autor da biografia censurada de Roberto Carlos, também é o autor da obra Eu Não Sou Cachorro Não, que fala justamente sobre a censura à música brega na ditadura militar, a perseguição que os cantores de música brega sofriam durante o regime. Segundo o historiador, “A memória construída sobre o período só valorizou a resistência dos cantores da MPB. No entanto, cantores como Odair José, Nelson Ned e Wando também foram proibidos, e isso se deveu não apenas a uma censura política, mas também a uma censura moral, visto que não se podia falar de cama, de pílula, de sexo”. E foi principalmente essa a censura que os cantores bregas sofreram.
Odair José
As músicas do radinho da empregada, como eram conhecidas as canções românticas, provocavam verdadeiras revoluções comportamentais via FM. Em plena década de 1970, quando questões como o divórcio ainda eram mal vistas, quem teria coragem para falar sobre o amor de um homem por uma prostituta? Quem falaria sobre a virgindade ou sobre o adultério? Eram os cantores populares que tocavam nesses tabus e, como conta Araújo, havia um apartheid na música brasileira: a canções consideradas cafonas eram para o povão, enquanto a MPB era consumida pela classe média.
A maior parte da produção dos cantores populares dizia respeito ao amor e à sexualidade. Eram, e ainda são, cronistas do amor, escrevendo, em forma de música, sobre os dilemas, os desejos, as aventuras e desventuras do que acontece entre quatro paredes e, principalmente, dentro do coração. No entanto, apesar de falarem sobre assuntos que faziam parte da vida de qualquer pessoa, a censura à música brega na ditadura militar foi barra pesada, principalmente para Odair José.
“Odair José foi um dos cantores mais censurados da música brasileira, e não apenas da música brega”. Como conta Araújo, o cantor gostava de tocar em temas tabus, porque sabia que a sociedade precisava discutir esses assuntos, que não adiantava fechar os olhos para questões que eram importantes.
Um dos episódios mais emblemáticos de censura ao cantor é o da música Uma Vida Só (Pare de Tomar a Pílula). Na época, então no ano de 1973, o governo brasileiro desenvolvia uma campanha de natalidade, que estimulava o uso da pílula entre os mais pobres, pois -quanta ignorância!- o Estado acreditava que o nascimento de filhos de pessoas pobres era a causa da pobreza no país. A pílula era distribuída principalmente nas periferias da região Nordeste, e a iniciativa havia sido financiada pelo Banco Mundial. “Nesse contexto, auge da ditadura Médici, quando havia cartazes espalhados dizendo ‘Tome a Pílula Com Muito Amor’, surge uma música no rádio, de sucesso estrondoso, dizendo ‘Pare de Tomar a Pilula’. A canção de Odair José foi considerada como um ato de desobediência civil e foi proibida de ser executada nas rádios, mesmo depois de já ter sido lançada”, conta Araújo.
E não foi só o governo que se opôs à canção. Apesar de ser contra o uso da pílula, a Igreja achava que a música ajudava a divulgar o uso do anticoncepcional, e também a censurou. Grupos conservadores de classe média também se opuseram, pois consideravam que esse era um assunto que não deveria ser tratado de maneira tão explícita.
“Um outro caso emblemático, também com o Odair José, é o da canção Em Qualquer Lugar que dizia ‘Em qualquer lugar a gente se ama, dentro do meu carro, embaixo do chuveiro, no jardim’. Essa canção, mesmo tendo sido gravada, não conseguiu ser inserida no disco. Apesar de ser uma letra que não tem nada de mais, para a época aquilo era uma afronta, e a censura, inclusive, escreveu: ‘A música relata um casal fazendo sexo como dois animais’. Embora Odair tenha recorrido e modificado a letra, a canção foi inteiramente proibida”.
Mas os bregas também falavam de política e, obviamente, também tinham que driblar a censura para isso. Luiz Ayrão, em 1977, lançou a canção O divórcio, que, de maneira muito inteligente, usava a metáfora da separação amorosa para falar sobre a insatisfação com o regime imposto em 1964: “Treze anos eu te aturo/ Eu não aguento mais/ Não há Cristo que suporte/ Eu não suporto mais”.

Senhora dos absurdos

A ditadura foi capaz de censuras que não tinham o menor fundamento. Waldick Soriano, cantor de boleros românticos, teve a música Tortura de amor censurada apenas por incluir a palavra “Tortura”, sendo que a letra não tinha nenhum conteúdo político, mas apenas amoroso: “Hoje que a noite está calma/ E que minh’alma esperava por ti/Apareceste afinal/Torturando este ser que te adora”. Eram tempos de rigidez, mas não se pode cometer a injustiça de imaginar que a música brega não foi atingida. Um dos gêneros musicais mais importantes do país foi censurado sim, e isso dura até os dias de hoje. Afinal, a ditadura pode ter passado, mas grande parte da sociedade ainda torce o nariz para as letras populares, para a arte de cantores cujo grande pecado é falar sem pudores sobre amor.

Não é tão difícil...


Não é difícil se dirigir de forma correta a alguém, com o artigo apropriado e sem revestir seu discurso com preconceito. Vamos entender para respeitar.

[Postagem do Dia] Entidade Familiar e a Lei Maria da Penha

Qualquer maneira de amor vale amar
Qualquer maneira de amor vale a pena
Qualquer maneira de amor valerá
(Milton Nascimento)


A padronização de comportamento imposta pela sociedade não finaliza apenas na interação do sujeito com o universo público (poderes institucionais), mas também no espaço privado, na sua interação com o outro. Ao se constituírem como parceiros/as amorosos/as, a sociedade continua a exigir um conjunto de comportamentos, até que se atinja a almejada constituição familiar de acordo com os padrões da família nuclear que é: o casal branco, de classe média, cristão e heterossexual (Jane Felipe, 2007). Logo, relacionamentos que se enquadram neste modelo são tidos como verdadeiros e legítimos, consequentemente, sendo valorizados e almejados. Deste modo, sendo espelho para os demais indivíduos, como interação normatizada e normalizada.
Adentrando numa visão do amor romântico, a família é o resultado de um estreitamento sentimental, no qual passa por algumas etapas: o primeiro contato, o namoro, o noivado, o casamento e a procriação (nascimento dos filhos, atestando à parceira a sua condição de mulher); como forma de exteriorizar para a sociedade a veracidade de um sentimento que só diz respeito aos companheiros. Essa construção familiar que se dá por meio de condutas idealmente regradas, é ensinada desde a infância, não apenas na literatura romântica, como também nas músicas, novelas, filmes e rodas de conversas entre amigos/as, no qual se estimula à mulher a esperar pelo seu “príncipe encantado”, o homem perfeito, com qualidades baseadas na moral cristã. Esta lógica reproduz fielmente um ideário preexistente e propagado ao longo dos séculos.
Em outro sentido, em uma visão não tão romântica, deixando de lado os tradicionalismos cristãos, pode-se observar o casamento como uma apólice de seguro e não necessariamente como o estreitamento de uma relação. Constituindo-se como um contrato entre duas pessoas. Seja para prender o/a seu/sua companheiro/a em um relacionamento com maior grau de seriedade, em resposta às imposições sociais, ou, para assegurar direitos jurídicos inerentes a esta instituição. Se o que o se objetiva é a primeira hipótese, o amor romântico talvez nem exista, pois a constituição do casamento se deu por motivos alheios aos desejos amorosos, transmutando um relacionamento que deveria ser saudável em uma relação fadada à infelicidade. Neste caso, os resultados são moralmente desastrosos, pois pode ocorrer a prática de traição, falta de reciprocidade ou até mesmo a violência entre si.
É nessa perspectiva que se faz necessário discutir o que realmente se entende por casal/casamento, e, até que ponto, a definição de família nuclear é necessária para a exclusão de direitos para sujeitos que não se encaixam nessa perspectiva. A respeito disso, Tania Navarro Swain indaga, não apenas os casais em relação heteroafetiva como também na relação homoafetiva:

Mas a evidência da noção de “casal” se estilhaça logo que começamos a interrogar com maior acuidade sua constituição: com efeito, o que é um casal? Duas pessoas que se amam? Que vivem juntas? Que dormem na mesma cama? Sua formação está baseada em uma relação sexual? Ou quando há uma emoção partilhada? Que gênero de emoção? Física? Todas as opções? Uma só dentre elas? Quantas duplas heterossexuais ou homossexuais não dormem mais juntos, não “fazem mais amor” e são vistos/as sempre enquanto um casal? E todas estas questões não se colocam no vórtice de um imaginário social que se constrói no momento de sua enunciação? A evidência da noção de “casal” se esconde no esforço mesmo de sua definição. (SWAIN, 2001, p. 91).

A partir dessas indagações, podem-se suscitar outras, que se correlacionam: como é o caso da mulher que não pode engravidar, se aquela do sexo feminino, com todas as pressões sociais impostas ao seu gênero, no qual impõe a necessidade de procriação, caso não seja possível devido a sua infertilidade, esta seria menos mulher? O mesmo deve ser perguntado ao homem infértil, este deveria então deixar de ser considerado homem? Ou menos homem? É nessa análise que se suscita novamente o gênero performático de Judith Butler. Caso não exista uma definição para os sujeitos, também não haveria necessidade de se questionar o que seria um casal, uma família, ou quem são os sujeitos que poderiam casar e constituir uma família. Nesse sentido, porque se deve considerar casal um homem e uma mulher que estão juntos exclusivamente devido a um casamento civil, sem compartilharem mais de emoções, respeito, sem “fazer mais amor”? E, ao mesmo passo, não se deve considerar casal duas mulheres que se amam, coabitam, se respeitam e “fazem amor”?
Esse entendimento atual, que constitui a licitude social de um determinado grupo adequado aos padrões, e, desconstitui aquele que foge a estes, é patrocinado pelas mesmas instituições de poder (religião, meios midiáticos, política, direito, ciências, senso comum, etc.) que dita o que o sujeito é, o que ele pode ser e o que ele pode fazer, bem como que legitima as relações de gênero e de poder.
Atualmente, soa controverso limitar a família aos eixos sexo-casamento-reprodução, pois, deste modo, excluiria uma gama de sujeitos: por exemplo, é comum um casal, com filhos, que moram juntos, não se casarem; como também é possível que este mesmo casal tenham tido o filho sem a necessidade da prática sexual, adotando-o ou por inseminação artificial; podem também optar por não terem filhos; seriam, então, desconsiderados como entidade familiar? A limitação para se enquadrar a um padrão cristão é um tanto retrógrada e excludente, sendo importante questionar não com o intuito de se dar origem a outro padrão ou colocar fim neste, mas para compreender que a sociedade vive em constante mudança e as mais diversas formas de família merecem total e efetiva proteção do Estado. Acerca disso, a jurista Maria Berenice Dias discorre:

Entre os rumos de transformação das relações familiares, a reestruturação da família do tipo patriarcal para uma organização democrática, igualitária, pluralista, permitiu a ocorrência de importante fenômeno: a desbiologização, a substituição do elemento carnal pelo elemento afetivo ou psicológico. (DIAS, 2014, p. 105, grifos da autora).

Compreender a performatividade de Butler com o fenômeno da “desbiologização” cunhado por Maria Berenice Dias pode-se então estender o conceito de família a um universo extremamente amplo, permitindo que a ele se encaixem casais independentemente do seu sexo, gênero, identidade de gênero ou orientação sexual. Podendo, inclusive, até não ser casal; neste caso, considera-se a avó com o neto, os tios com o sobrinho como uma entidade familiar e que podem usufruir de direitos como qualquer outra família. Essa visão acarretar a tutela de uma diversidade de configurações familiares, que existem e não há como negar. A respeito disso, já foi estatisticamente mensurável pelo IBGE na última década alguns desses novos formatos:

No período de 2001 a 2011, houve modificações na distribuição dos arranjos com parentesco, com redução do peso relativo daqueles constituídos por casal com filhos (de 53,3% para 46,3%) e, consequente, aumento dos casais sem filhos (de 13,8% para 18,5%). Nos arranjos constituídos por mulher sem cônjuge com filhos, os chamados arranjos monoparentais femininos, a PNAD[1] 2011 mostrou uma ligeira redução. Tal padrão de organização dos arranjos está associado à tendência de queda da fecundidade, que, por sua vez, também pode ser atribuída ao desenvolvimento das relações de gênero, no contexto das transformações econômicas e sociais por que passa a sociedade brasileira contemporânea. (IBGE, 2012, p. 84).

De acordo com esse entendimento, a tutela do Estado passaria a abranger essas configurações familiares como legítimas, abarcando de pronto todos os outros campos fomentadores de direitos: na área penal, civil, constitucional, previdenciária, entre diversas outras; e, deste modo, asseguraria as prerrogativas necessárias concernentes à dignidade da pessoa humana. Nessa perspectiva, entende-se que casais homossexuais, como também a família monoparental ou de outra formatação, constituem família, logo, são detentores de todos os benefícios assegurados à família heteronormativa.
E numa perspectiva, tratada anteriormente, de re(produção) da lógica binária heteronormativa, esses sujeitos apesar de se apresentarem diante de contornos que se destoam do que está padronizado, constituem-se a partir da adoção de papéis preestabelecidos. Os padrões de gênero é uma prisão simbólica, porém não menos cruel do que a física, pois estão construídos a partir de determinados valores morais hegemônicos e relações de poder. Numa perspectiva foucaultiana, presentes nos espaços públicos e nos privados, no qual não se permite, “moralmente” falando, uma ruptura completa com esse contexto imposto.
Os/as parceiros/as que hoje se enquadram na ideia culturalmente conceituada de casal, independentemente do seu sexo, gênero, identidade ou orientação sexual, estão inseridos/as em um espaço de verdadeira guerra, polarizando-se inconscientemente, cada um/a ocupando a sua posição na relação, seja de dominação ou subordinação, construindo lógicas hierárquicas e não igualitárias. Para os sujeitos LGBTI, essas construções de identidade no espaço privado, que reproduzem as dicotomias de macho-fêmea, superior-inferior, forte-vulnerável, terão peculiaridades que serão decisivas para delimitar o seu espaço no relacionamento.
Para Paiva (2007) a própria relação sexual já define essa polaridade, no momento em que os sujeitos se enquadram nos papéis de “ativo” e “passivo”, e este último ocupa uma posição de dependência, subordinação perante o primeiro. Já Castro (2007), entende que esta polaridade evidente na homoconjugalidade está fundamentada em uma dinâmica de gênero e relação de hierarquia que vem a reproduzir os modelos da heteroafetividade, porém esta reprodução não é suficiente para explicar essa prática.
Tanto na concepção de Paiva, quanto na de Castro, observa-se que as atitudes dos/as parceiros/as estão condicionadas a elementos que ultrapassam a particularidade do seu relacionamento, invadindo as regras impostas. No momento em que se vê a necessidade de adequação de papéis nas relações sexuais homoafetivas, remete-se já aos papéis do homem (ativo) e o da mulher (passivo), logo, o parceiro “passivo” ocupa um lugar já culturalmente submisso, no qual pertence à mulher, e o parceiro “ativo” é detentor de superioridade hierárquica, pois está adotando um papel culturalmente respeitado – o do homem. Polarizando, destarte, os/as parceiros/as. Na outra concepção, a explicação para a polaridade vai muito além de uma prática sexual, ela está enraizada nos problemas de gênero, nos comportamentos predefinidos para o homem e a mulher e que são incorporados pelos sujeitos LGBTI, no seu modo de agir no espaço público e privado. Logo, uma possível conclusão é de que, a polarização dos sujeitos em qualquer tipo de relacionamento amoroso é decorrência da (re)produção da lógica binária heterossexista.
O grande problema dessa polarização que existe nos arranjos amorosos é a sua consequência. Em uma perspectiva idealizada, um casal homoafetivo, por exemplo, estaria – devido à sua condição biológica – em par de igualdades, ou seja, nenhum sujeito seria superior a outro, as decisões seriam conjuntas, o preconceito de gênero no espaço privado inexistiria. Tendo, portanto, uma relação saudável, baseada no afeto, elemento fomentador da família. Não reprimindo os sujeitos, portanto, à violenta ordem natural do divino. Porém, não se pode analisar esse relacionamento a partir de um determinismo biológico como já dito anteriormente, pois a construção histórico-social está presente na formação do sujeito, e o afeto não é o único ponto fomentador para a união conjugal.
A família tradicional traz consigo uma história muito mais pautada em unidade produtiva do que em unidade emocional. Já com indícios de se romper com esse construto social Michel Foucault (1988) em “História da Sexualidade I” associa essa constituição familiar burguesa a mecanismos de controle de sexualidade, ou seja, seria mais um dispositivo regulador das práticas comportamentais concernentes a padrões de gênero.
Mais um apontamento fomentador para uma possível solução para a desconstrução da família burguesa pautada na hierarquização e polarização de gênero é formulada por Antony Giddens (1993), que propõe a democratização da intimidade, no qual busca romper com os padrões socialmente construídos por meio do que ele chama de “relacionamento puro”, que visa substituir a ideia de “amor romântico”. Nessa perspectiva, o tradicional daria lugar à busca da satisfação emocional do casal de forma mútua, com a construção de parcerias conjugais igualitárias da perspectiva de gênero. Por fim, alcançando uma plena compatibilidade do espaço privado com o público. E evitando, destarte, a reprodução dos papéis de dominação já culturalmente impostos e que acarretam diversas sequelas, inclusive a violência doméstica.



[1]PNAD: Significa Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, no qual, obtém anualmente informações sobre características demográficas e socioeconômicas.



*O artigo do dia foi retirado de um capítulo do meu trabalho monográfico (Aplicação da Lei Maria da Penha para os Sujeitos LGBTI: performatividade e entidade familiar).

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Google cria anuncio emocionante sobre transição de gênero


Enquanto uma propaganda do Dia dos Namorados com casais homossexuais causava uma grande polêmica aqui no Brasil, uma das maiores empresas do mundo preparava um trabalho para abordar um tema que as pessoas ainda têm muita dificuldade em discutir: a transição de gênero. O Google lançou uma poderosa campanha que mostra a história de um homem trans.
O protagonista em questão é Jake. Ele nasceu no corpo de uma mulher, mas, assim como declara no vídeo, desde muito pequeno se identificava com o gênero masculino. O resultado é um dos vídeos mais emocionantes sobre a história de uma pessoa trans. O vídeo é um filme corporativo da academia “City Gym”, que ajudou Jake e outros amigos no momento da transição.
A campanha do Google My Business, traz ainda depoimento da proprietária da academia, que relata como seu negócio ajuda essas pessoas a passarem por essa transformação. “A intenção nunca foi de criar um espaço específico para qualquer grupo, mas sim criar um espaço onde qualquer grupo se sinta confortável”, explica Hailee Bland Walsh, a proprietária.
Confira o vídeo (em inglês);



Fonte

Uma mulher chocante

Por Luis Dolhnikoff



A russa Lou Andreas Salomé chocou a sociedade europeia do início do século XX por ser, ao mesmo tempo, bela, sexy, inteligente, culta e livre. Numa época marcada por grandes homens, ela se relacionou, de um modo ou de outro, com muitos deles – e deles recebeu admiração, paixão e respeito intelectual. Manteve, por décadas, um casamento aberto e inúmeros relacionamentos, incluindo Nietzsche (que literalmente enlouqueceu por ela), Freud, Rilke e uma longa lista.

Lou Andreas Salomé (ou Luisa Gustavovna Salomé) nasceu em São Petersburgo (1861), e viveu, estudou, escreveu e exerceu a psicanálise – foi uma das primeiras e principais discípulas e correspondentes de Freud – em Paris, Roma, Berlim, Zurique e outras cidades europeias.

Quinze anos mais velha do que Rilke, foi a “grande mulher” atrás do grande poeta alemão. 

Ensinou-lhe russo e o introduziu na obra de Tolstói e Púchkin, além de apresentá-lo a parte importante da intelligensia europeia.

Em sua obra, destacam-se estudos sobre Nietzsche, Rilke e sobre sua própria vida, além de ensaios pioneiros sobre a sexualidade feminina.

Lou Andreas Salomé faleceu em 1937, pouco antes de a Gestapo emitir uma ordem de prisão contra ela.


quinta-feira, 18 de junho de 2015

O que perdemos com os preconceitos?

Tomada como padrão, a heterossexualidade promove não apenas a violência física, mas também a violência simbólica contra quem se desvia da norma



Por Leandro Colling

A proposta do dossiê desta edição é pensar sobre como os preconceitos para com as sexualidades e gêneros dissidentes impactaram e ainda impactam o desenvolvimento cultural de nossa sociedade. Como e em que medida esses preconceitos impedem o nosso desenvolvimento cultural? Como é possível perceber isso em diversas áreas? O que perdemos ao recusar o aprendizado possível com as diversidades e dissidências sexuais e de gênero existentes ao nosso redor? Que colaborações essas diversidades e dissidências oferecem para pensarmos, de uma forma ampla, a nossa cultura?

Tendo essas perguntas em mente, convidamos quatro pessoas com reconhecida produção na área para escrever os textos que integram este dossiê. Denilson Lopes escreveu sobre a recente produção cinematográfica brasileira e de como, através dos afetos, encontros e de outros laços, é possível aprender sobre o que as pessoas preconceituosas perdem em suas vidas, a exemplo de outras formas de estarmos juntos, outros encontros e outras subjetividades.

Berenice Bento, a partir do caso da travesti Verônica Bolina, defende que a transfobia, além de matar, nos revela sobre as mortes pelas quais nós choramos e propõe a tipificação do crime de transfeminicídio em diálogo com os elementos estruturantes do feminicídio. Mostra também como exigimos que todas as pessoas sigam plenamente uma suposta coerência entre genitália (sexo) e gênero.

Enquanto isso, André Musskopf reflete sobre religião de uma forma diferente da que temos visto nos últimos tempos. Em vez de se concentrar em críticas aos fundamentalistas, ele propõe uma teologia indecente a partir de experiências que já existem, analisadas e descritas em seu livro Via(da)gens teológicas. Por fim, Rogério Junqueira disseca a escola, essa fábrica produtora de uma cultura que insiste em não reconhecer e aprender com as diferenças.

LEIA O DOSSIÊ COMPLETO NA EDIÇÃO 202 DA REVISTA CULT. JÁ NAS BANCAS!